Os protestos no Egito começaram em 25 de janeiro, após uma
mobilização convocada pela internet que
reuniu milhares de egípcios na Praça Tahrir (libertação em
árabe), no centro da capital, Cairo. Embora a polícia
tenha tentado reprimir a manifestação com gás lacrimogêneo
e jatos d'água, os manifestantes permaneceram na praça.
Outros protestos foram realizados nas
principais cidades egípcias, em Alexandria, Suez e
Ismaília, desafiando os toques de recolher impostos pelo
governo. Os protestos foram em sua maioria pacíficos, mas
a ONU estima que cerca de 300 pessoas morreram em duas
semanas de confrontos relacionados às manifestações e
cinco mil ficaram feridos.
Os motivos dos protestos foram a pobreza, a
inflação, a exclusão social, a corrupção e o
enriquecimento da elite política do país, a repressão do
governo, fraudes eleitorais e exigiam a renúncia do
presidente Hosni Mubarak, há trinta anos no poder.
Mubarak tentou manter-se no poder e evitar a renúncia.
Prometeu não concorrer às eleições, marcadas para setembro
de 2011, trocou o ministério e nomeou um vice-presidente
Omar Suleiman (chefe dos serviços de inteligência do
Egito), pela primeira vez em 30 anos de regime. Além do
vice-presidente, nomeou um novo primeiro-ministro, Ahmed
Shafiq, antigo ministro da Aviação.
Na véspera de sua renúncia, Mubarak ainda fez um discurso
na TV declarando que delegaria alguns poderes ao
vice-presidente, Omar Suleiman, e faria reformas
constitucionais (a Constituição vigente dá amplos poderes
ao presidente). Omar Suleiman comandaria as negociações
com a oposição, e com os novos ministros. O
vice-presidente em sua primeira reunião com o novo
gabinete ministerial prometeu investigar casos de fraude
eleitoral e corrupção no serviço público. O governo
continuou tentando conter os protestos impondo toques de
recolher e bloqueando os serviços de telefonia celular e
da internet.
As medidas tomadas e as promessas de Mubarak, não
agradaram a oposição, que continuou a reunir centenas de
milhares de manifestantes na Praça Tahrir. Sob pressão
internacional dos EUA e dos líderes da União Européia,
Grã-Bretanha e da ONU, para que renunciasse e sem o apoio
das Forças Armadas, que sustentou sua ditadura por três
décadas, Mubarak acabou renunciando ao cargo no dia 11 de
fevereiro de 2011, após 18 dias de violentos protestos.
O Egito exerce forte influência no Oriente
Médio. Desde que chegou ao poder, Mubarak tem sido uma
figura central na política da região e um importante
aliado dos países ocidentais. O Egito e a Jordânia são os
únicos países árabes a terem tratados de paz com Israel.
Hosni Mubarak assumiu a presidência do Egito em 1981, após
o assassinato do presidente Anwar Al Sadat, por
extremistas islâmicos descontentes com o acordo de paz
assinado com Israel em 1979. Permaneceu por 30 anos no
poder e nesse período adotou medidas cada vez mais
restritivas às liberdades políticas e civis, como
justificativa para conter o terrorismo. Foi reeleito
sucessivas vezes em eleições fraudulentas e com apoio das
potências ocidentais.
Após a renúncia de Mubarak, as Forças Armadas
do país assumiram o poder através de um Conselho Militar
do Egito, que governará o país até que eleições sejam
realizadas. O Conselho dissolveu o Parlamento e o gabinete
ministerial, ambos ligados ao ex-presidente. Prometeram
revogar a Lei de Emergência, que há 30 anos restringe as
liberdades civis e fazer um referendo para mudar a
Constituição.
Os conflitos e a renúncia de Mubarak afetaram
a já debilitada economia, baseada no petróleo e no
turismo. Várias categorias continuam em greve por melhores
salários. A crise no Egito também teve efeitos nos
mercados globais. Os valores das ações caíram nas
principais bolsas do mundo, e o preço do petróleo atingiu
o valor mais alto em dois anos.
Mesmo após a renúncia de Mubarak, as
manifestações continuam ocorrendo, devido a disputas pelo
poder, entre religiosos e seculares, entre civis e
militares.
Entre as camadas mais pobres é forte a
influência da Irmandade Muçulmana, fundada em 1928, é o
grupo fundamentalista islâmico mais antigo. A Irmandade
criou recentemente, o Partido Liberdade e Justiça e é
favorito nas eleições parlamentares previstas para
novembro. Diz aceitar um Estado laico, mas o Islã deve
continuar como religião oficial. Já as lideranças jovens
resistem à criação de um Estado muçulmano.
Data:01/10/2011
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