Trechos do Manifesto:
"É a voz de um partido que se alça para falar
ao país. E esse partido não carece demonstrar
a sua legitimidade. Desde que a reforma,
alteração ou revogação da carta outorgada de
1824, está por ela mesma revista e autorizada,
é legítima a aspiração que hoje se manifesta
para buscar em melhor origem o fundamento dos
inauferíveis direitos da nação. (...) Não
reconhecendo nós outra soberania mais do que a
soberania do povo, para ela apelamos. (...)
Neste país, que se presume constitucional, e
onde só deverão ter ação poderes delegados,
responsáveis, acontece por defeito do sistema
que só há um poder ativo, onímodo, onipotente,
perpétuo, superior à lei e à opinião, e esse é
justamente o poder sagrado, inviolável e
irresponsável. (...) E a própria guerra
exterior que tivemos de manter por espaço de
seis anos deixou ver, com a ocupação de Mato
Grosso e a invasão do Rio Grande do Sul,
quanto é impotente e desastroso o regime da
centralização para salvaguardar a honra e a
integridade nacional. A autonomia das
províncias é, pois, para nós mais do que um
interesse imposto pela solidariedade dos
direitos e das relações provinciais, é um
princípio cardeal e solene que inscrevemos na
nossa bandeira. O regime da federação baseado,
portanto, na independência recíproca das
províncias, elevando-as à categoria de Estados
próprios, (...) é aquele que adotamos no nosso
programa, como sendo o único capaz de manter a
comunhão da família brasileira (...) Se
houver, pois, sinceridade ao proclamar a
soberania nacional, cumprirá reconhecer sem
reservas que tudo quanto ainda hoje pretende
revestir-se de caráter permanente e
hereditário no poder está eivado do vício da
caducidade, e que o elemento monárquico não
tem coexistência possível com o elemento
democrático. É assim que o princípio dinástico
e a vitaliciedade do Senado são duas violações
flagrantes da soberania nacional (...)
Fortalecidos, pois, pelo nosso direito e pela
nossa consciência, apresentamo-nos perante os
nossos concidadãos, arvorando resolutamente a
bandeira do partido republicano federativo.
(...) A nossa forma de governo é, em sua
essência e em sua prática, antinômica e hostil
ao direito e aos interesses dos Estados
americanos. (...) Perante a Europa passamos
por ser uma democracia monárquica, que não
inspira simpatia nem provoca adesões. Perante
a América passamos por ser uma democracia monarquizada, onde o instinto e a força do
povo não podem preponderar ante o arbítrio e a
onipotência do soberano. Em tais condições
pode o Brasil, considerar-se um país isolado,
não só no seio da América, mas no seio do
mundo. O nosso esforço dirige-se a suprimir
este estado de coisas, pondo-nos em contato
fraternal com todos os povos e em
solidariedade democrática com o continente de
que fazemos parte."
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