A
China comemora em 1.º de outubro de
2019, 70 anos de sua Revolução
comunista. A República Popular da China
é hoje uma das maiores potências
mundiais e a segunda maior economia do
mundo.
A Revolução Socialista na
China (1949)
Durante mais de dois séculos, a China
foi governada pela dinastia Manchu
(1644–1911). No século XIX, a China foi
transformada em área de dominação das
potências capitalistas ocidentais,
destacando-se entre elas a Inglaterra e
obrigada a sujeitar-se à exploração
internacional. Poderosos proprietários,
funcionários públicos imperiais (os
chamados mandarins) e potências
estrangeiras atraíam a hostilidade
crescente da população, expressa em
sucessivas manifestações violentas, como
aconteceu com a frustrada Guerra dos
Boxers de 1900.
Em 1911, um movimento republicano
nacionalista obteve apoio de algumas
províncias chinesas, conseguindo
derrubar a monarquia Manchu e
proclamando a república. À frente do
movimento estava o líder Sun Yat-sen,
empossado no governo em janeiro de 1912,
o qual transformou suas forças num
partido político chamado Kuomintang
(Partido Nacional do Povo).
Entretanto, líderes provinciais
autonomistas e pressões internacionais
anularam a desejada unidade política da
China republicana, mergulhando o país em
intermináveis guerras internas. Em meio
a esta instabilidade, foi fundado, em
1920, o Partido Comunista Chinês (PCC),
inspirado na Revolução Socialista Russa
de 1917. Mas, a unidade da República
Chinesa só foi estabelecida em 1928, por
Chiang Kai-shek, cujo governo, porém,
foi marcado por inúmeras lutas civis,
intervenções imperialistas por parte dos
Estados Unidos, Inglaterra e Japão, e
pela violenta perseguição aos
comunistas, entre os quais se destacava
Mao Tsé-tung.
Em 1930, havia na
China dois
grandes
grupos políticos rivais. De um lado, as
forças capitalistas entreguistas,
comandadas pelo general Chiang Kai-shek.
De outro lado, as forças comunistas,
lideradas por Mao Tsé-tung.
Aproveitando-se da fragilidade chinesa e
ambicionando domínios no continente
asiático, especialmente na rica região
da Manchúria, o Japão invadiu o norte do
país em 1931, estabelecendo o Estado do
Manchukuo.
Diante
do contínuo avanço imperialista japonês,
o governo nacionalista de Chiang
Kai-shek estabeleceu uma aliança com os
comunistas de Mao Tsé-tung, seus
opositores políticos, numa frente única
contra os japoneses. Essa aliança durou
até o final da Segunda Guerra Mundial,
em 1945, quando o Japão foi derrotado e
suas forças expulsas do país. A partir
de então, recomeçou a guerra civil na
China, com os comunistas, apoiados nos
camponeses, avançando progressivamente.
Nas lutas entre as tropas de Mao
Tse-tung e de Chiang Kai-shek, os
comunistas obtiveram sucessivos êxitos.
Em 1.º de outubro de 1949, os comunistas
conquistaram a vitória definitiva sobre
seus inimigos internos e criaram a
República Popular da China. Apoiado
pelos Estados Unidos, o general Chiang
Kai-shek e seus seguidores fugiram para
a Ilha de Formosa (Taiwan), fundando a
China nacionalista.
Após chegarem ao poder, os comunistas
chineses, liderados por Mao,
estabeleceram laços de amizade e
cooperação com a União Soviética. Em
1950, por exemplo, os dois países
assinaram um tratado de amizade, aliança
militar e mútua assistência. Depois da
morte de Stalin (1953), o relacionamento
entre a China e União Soviética começou
a decair. Os chineses não aceitavam as
teses de Kruchev sobre a coexistência
pacífica entre capitalismo e comunismo e
defendiam as teorias stalinistas sobre a
separação ideológica e política dos dois
blocos rivais. Na década de 60, os
chineses fabricaram sua primeira bomba
atômica (1964), persistiram na ruptura
com Moscou e disputaram com os
soviéticos a liderança mundial do
movimento socialista.
Em 1966, lutas internas pelo poder levam
Mao Tsé-tung a lançar a Revolução
Cultural Proletária, política de
doutrinação da população. Jovens
militantes do partido são estimulados a
denunciar e perseguir todos os que
tenham se desviado dos “preceitos
revolucionários”. Dirigentes do partido
e intelectuais são acusados de tentar
“restaurar o capitalismo”. Mao Tsé-tung
consolida seu poder e governa o país até
sua morte, em 1976. A partir de então, a
China começa lentamente a se aproximar
do Ocidente.
Após a morte de Mao Tse-tung, em 1976,
os novos dirigentes chineses, em
especial Deng Xiaoping, empenharam-se em
estimular a modernização do país,
promovendo um processo de abertura
econômica da China com o mundo
capitalista ocidental. Já na década de
70, a China desenvolveu uma política de
reaproximação com os Estados Unidos que
levou ao restabelecimento das relações
diplomáticas entre os dois países em
1979.
No campo econômico, a China tem adotado
práticas capitalistas, embora seja um
dos poucos países que ainda mantem um
regime comunista de partido único.
Depois de anos de socialismo, a China
conseguiu eliminar ou amenizar problemas
como a fome. Algumas cidades tornaram-se
grandes centros de exportação. Os
produtos chineses invadiram os mercados
mundiais pelo seu baixíssimo custo.
Nessa fase os novos governantes
procuraram diminuir o culto ao líder Mao
Tse-tung e criticaram o isolamento
econômico ao qual a China ficou
submetida.
Em 1978, a China iniciou um processo de
modernização com Deng Xiaoping. Era um
país pobre, com um Produto Interno Bruto
(PIB) de US$ 150 bilhões e uma população
de 800 milhões de pessoas. Hoje, são
1,38 bilhão de habitantes e um PIB de
US$ 12 trilhões, segundo dados da
Organização das Nações Unidas (ONU).
Deng Xiaoping optou pelas chamadas
“quatro modernizações” e uma evolução da
economia na qual o mercado teria um
protagonismo crescente. A China expandiu
os contatos culturais e comerciais com o
Ocidente e importou tecnologia
estrangeira para melhorar a indústria.
Criaram-se formas limitadas de empresa
privada e as comunas agrícolas foram
desfeitas. As reformas puseram em
andamento uma extraordinária expansão
econômica que continuou com força total
no século XXI.
Data:
01/10/2019
Fontes Consultadas:
Woolf, Alex - Uma Nova História do
Mundo, 2014 - São Paulo - M. Books do
Brasil Editora Ltda.
Mezzetti, Fernando - De Mao a Deng: a
Transformação da China, 2000 1ª
Edição - Editora UNB. |